Fala galera, tudo bem com vocês? Como foi o feriado de carnaval? Espero que tenham curtido e descansado, agora bora trabalhar porque 2024 enfim começou. Brincadeiras parte, nosso ano já começou faz tempo e se você ainda não se ligou nos conteúdos aqui do blog corre que do tempo de ler os anteriores e ficar informado dos assuntos mais falados no mundo da Luz.
Hoje vamos falar de um pouquinho de ferida oncológica e depois, trataremos um pouco sobre o uso do laser para aliviar os efeitos adversos do tratamento.
Começando por onde eu sempre gosto, vamos definir, primeiramente, feridas tumorais: As feridas neoplásicas ou tumorais são causadas por infiltração de um tumor no epitélio e na rede vascular e linfática adjacentes, podendo ser localmente avançados, metastáticos ou recorrentes, levando à formação de uma ferida evolutivamente exofítica (1,2). Estima-se que 5 a 10% dos pacientes com câncer irão apresentar feridas tumorais (3).
Os principais sintomas descritos dessas feridas são: dor, odor fétido, exsudação intensa e friabilidade, além de desfiguração corporal (4).
Não existe um consenso clínico quanto a utilização do laser em feridas tumorais, portanto não orientamos que seja realizado, devendo ser criteriosamente avaliado junto à equipe médica que atende o paciente, para assim traçar um plano de cuidados adequado ao paciente. O laser pode e deve ser usado para aliviar efeitos adversos da quimioterapia e radioterapia. Sendo que dentre os efeitos colaterais em que o laser pode ser usado, os mais encontrados na literatura são mucosite oral e radiodermite.
A mucosite é uma sequela do tratamento oncológico quimioterápico ou radioterápico, sendo uma das principais complicações com uma faixa de incidência de que varia entre 40% a 100% dos pacientes (5), que compromete significativamente a qualidade de vida dos pacientes oncológicos (6).
O uso da laserterapia em pacientes com mucosite oral tem grande capacidade de agir sobre o tecido biológico, auxiliando na manutenção da integridade da mucosa oral. Um estudo avaliou a qualidade de vida dos pacientes com mucosite oral que fizeram uso da laserterapia apontou as seguintes conclusões:
- os principais problemas evidenciados pelos pacientes antes do tratamento a laser foram: dor (23%), mastigação (17%) e ansiedade (15%). Os demais foram: fala (13%), deglutição (10%), salivação (8%), humor e paladar (6% cada um dos itens), e aparência (2%).
- Depois do tratamento com laser, os principais problemas apontados foram: ansiedade (33%), atividade (17%), humor e mastigação (11% em cada um dos domínios). Os demais foram: deglutição (9%), fala (7%), dor e recreação/lazer (4% cada um) e paladar e salivação (2% cada um).
A conclusão do estudo foi que após o uso da laserterapia houve um aumento significativo da média de pontos para qualidade de vida (6). Um outro estudo realizado com pacientes pediátricos corrobora com esses achados e conclui que a laserterapia não só melhora as lesões existentes, como também diminui o aparecimento de lesões na mucosa oral e na gravidade quando usado de forma profilática (5).
A radiodermite ou lesões cutâneas induzidas por radioterapia, é definida com uma inflamação causada pela exposição secundária da pele à radiação ionizante que prejudica as células e afetam sua capacidade de cicatrização (7). Existem muitos diversos tratamentos disponíveis no mercado para a radiodermite, um assunto que é amplamente tratado na literatura é o uso de fármacos naturais que podem ser utilizados tanto como tratamento quanto na prevenção da radiodermite. No entanto, nos ateremos ao que a literatura aponta sobre o uso da laserterapia.
A laserterapia foi descrita como uma das principais intervenções que promovem melhoria da qualidade de vida em pacientes com radiodermite decorrente do tratamento de câncer de mama (8). apresentou resultados significantes na resolução dos processos inflamatórios, redução da dor, formação de edemas e preservação de tecidos e nervos circunvizinhos. Um estudo recomenda que para evitar agravos teciduais deve ser utilizada uma dose inferior a 7J, ondas entre 600 e 1000 nm e potência de 1 mw e 5w/cm2 (7).
A laserterapia tem muitos benefícios e ainda muitas coisas a serem exploradas. O mundo da luz espera por você, e você o que está esperando?
Bibliografia
1. Tilley C, Lipson J, Ramos M. Palliative Wound Care for Malignant Fungating Wounds: Holistic Considerations at End-of-Life. Nurs Clin North Am. 2016 Sep 1;51(3):513–31.
2. Ministério da Saúde BRASIL IN do C. Tratamento e controle de feridas tumorais e úlceras por pressão no câncer avançado. 2009. 1–46 p.
3. Da Silva KRM, Bontempo P de SM, Dos Reis PED, Vasques CI, Gomes IP, Simino GPR. Intervenções Terapêuticas em Feridas Tumorais: Relato de Casos. Rev Bras Cancerol. 2015;61(4):373–9.
4. da Costa Santos CM, de Mattos Pimenta CA, Nobre MRC. A Systematic Review of Topical Treatments to Control the Odor of Malignant Fungating Wounds. J Pain Symptom Manage. 2010;39(6):1065–76.
5. Leite G, Farias DC, Maria H, Sousa M, Oral M. LASERTERAPIA E AÇÕES EDUCATIVAS. 2023;1–4.
6. Reolon LZ, Rigo L, Conto F de, Cé LC. Impacto da laserterapia na qualidade de vida de pacientes oncológicos portadores de mucosite oral. Rev Odontol da UNESP. 2017;46(1):19–27.
7. Lima ES, Costa YG, Santos LN dos, Santos VSM, Cunha MG, Santos JLBS, et al. A eficácia da laserterapia no tratamento das radiodermatites: revisão integrativa. Res Soc Dev. 2021;10(2):e17810212364.
8. Rocha D de M, Pedrosa A de O, Oliveira AC de, Bezerra SMG, Benício CDAV, Nogueira LT. Evidências científicas sobre os fatores associados à qualidade de vida de pacientes com radiodermatite. Rev Gaúcha Enferm. 2018;39(0):1–8.