Fala galera… tudo bem com vocês? Temos uma gama de assuntos interessantes para conversar e muitas dúvidas sobre tratamentos, manejo e até mesmo a fisiopatologia de alguma condições. Embora não possamos aprofundar na fisiopatologia, tentamos abordar o assunto com clareza para que possamos compreender como determinado tratamento se aplica àquela condição, assim fica bem mais fácil né? Um dos assuntos que levanta muitos questionamentos é o atendimento pediátrico, seja pela complexidade ou insegurança, é sempre um desafio para o profissional indicar e conduzir corretamente os pacientes pediátricos.
Em virtude disso, trataremos de uma afecção dermatológica muito comum na infância, atingindo até 20% das crianças (1). O eczema atópico, também conhecido como dermatite atópica, é uma condição crônica e inflamatória da pele, com origem complexa, e multifatorial, estando intimamente ligada com pelo menos 4 fatores listados a seguir (2).
- Genética: A tendência para desenvolver eczema atópico frequentemente ocorre em famílias com histórico de asma, febre do feno ou outras alergias.
- Disfunção da barreira cutânea: As pessoas com eczema atópico muitas vezes têm uma barreira cutânea que não funciona bem, o que torna a pele mais suscetível a irritantes, alérgenos e infecções por bactérias ou vírus.
- Fatores ambientais: Fatores como alérgenos, mudanças de temperatura, poluição e certos produtos químicos podem desencadear ou agravar a condição.
- Sistema imunológico: Uma resposta imunológica hiperativa ou inadequada pode contribuir para a inflamação característica do eczema atópico.
Os principais sintomas, ou manifestações clínicas são lesões cutâneas papulosas e vesicopapulosas formando placas crostosas e pruriginosas, afetando principalmente a face, mãos e regiões extensoras (1). Além disso, a pele seca e escamosa, quase sempre, a coceira e a vermelhidão são também sintomas clínicos da doença (2).
O manejo do eczema atópico em crianças envolve uma combinação de cuidados com a pele, estratégias médicas e ajustes no estilo de vida, em seguida, apresentamos o resumo de algumas estratégias de manejo do eczema atópico (2).
Hidratação da pele: Mantenha a pele da criança bem hidratada aplicando cremes ou loções emolientes várias vezes ao dia, especialmente após o banho, enquanto a pele ainda está úmida. Isso ajuda a manter a barreira da pele e reduz a secura e a coceira.
Banho e limpeza: Banhos curtos e mornos são recomendados. Evite água muito quente e sabonetes fortes, que podem ressecar a pele. Prefira sabonetes neutros ou específicos para peles sensíveis.
Evitar gatilhos: Identifique e evite fatores que possam desencadear ou piorar o eczema, como alérgenos ambientais (poeira, pólen), certos alimentos, roupas de tecido áspero, e extremos de temperatura e umidade.
Controle da coceira: Para reduzir a coceira, mantenha as unhas da criança curtas e limpas. Considere o uso de luvas de algodão à noite para evitar que a criança se arranhe durante o sono. Medicamentos antialérgicos, como anti-histamínicos, podem ser úteis para reduzir a coceira.
Medicamentos tópicos: Cremes ou pomadas contendo corticosteroides podem ser prescritos para controlar a inflamação. Em casos mais graves, medicamentos não esteroides ou imunomoduladores tópicos também podem ser utilizados.
Terapias avançadas: Para casos persistentes ou graves, podem ser necessárias terapias mais avançadas, como fototerapia ou medicamentos sistêmicos que modulam o sistema imunológico.
Suporte emocional e educacional: O eczema pode afetar o bem-estar emocional da criança e da família. É importante buscar apoio emocional e educar-se sobre a condição para gerenciá-la eficazmente.
Dieta e nutrição: Embora a relação entre dieta e eczema não seja totalmente clara, manter uma dieta equilibrada e rica em frutas e vegetais pode ajudar a manter a saúde geral da pele. Em alguns casos, pode ser útil consultar um nutricionista para avaliar possíveis alergias alimentares.
A fotobiomodulação vem surgindo como uma potencial auxiliar no tratamento de eczema atópico, pois atua na redução da inflamação, melhora da coceira e dor, fortalecimento da barreira cutânea (3). No entanto, mais estudos precisam ser feitos para que protocolos mais assertivos sejam elaborados e sua eficácia seja comprovada.
Bibliografia:
1. Mariano IA, Marques AS, Barbosa CR, Osta HP. Dermatite atópica na infância – uma revisão abrangente sobre a epidemiologia , fisiopatogênese , fatores de risco , diagnóstico , abordagem medicamentosa , cuidados com a pele , complicações , prognóstico e qualidade de vida. Brazilian J Heal Rev. 2024;7:1–19.
2. Sociedade Peruana de Dermatologia. Dermatologia Peruana. Vol. 29. 2019. 110–121 p.
3. Couto GBF, Chaves CT de OP, Nunez SC, Frade-Barros AF. O uso da Fotobiomodulação (FBM) na melhora da hidratação cutânea na dermatite atópica leve ou moderada. Rev Novos Desafios. 2023;3(1):78–85.