Biofilme

Fala galera… tudo bem com vocês?

Essa semana estamos em um processo complexo por aqui, mas não poderia deixar nosso papo de lado. Aliás, aproveitando o ensejo, hoje vamos falar de um assunto complexo, por assim dizer: biofilme.

Quem trabalha com feridas sabe que é completamente normal que cheguem até nós pacientes com feridas de anos, que são, não só dolorosas e incomodas, mas também atrapalham a qualidade de vida e as atividades diárias dessas pessoas. Isso pode estar diretamente relacionado à presença de biofilme na lesão. Também chamamos essas feridas de ” feridas complexas”.

Biofilmes são definidos como microorganismos ligados uns aos outros, com elevado grau de organização, formando comunidades estruturadas, coordenadas e funcionais. Composta por uma matriz exopolimérica que, de forma geral, protege e mantém a estrutura e integridade do biofilme (1,2).

Sabe-se que ao longo do tempo os microorganirmos presentes na ferida se tornam mais diversificados, contribuindo para cronicidade da ferida e dificultando a cicatrização (3). Um estudo de 2008 constatou que 60% das feridas crônicas apresentavam biofilme e apenas 6% das feridas agudas (2), apesar de o estudos ser antigo, a literatura atual corrobora com esse achado clínico, demonstrando com cada vez mais clareza a associação entre a cronicidade da ferida e a presença de biofilme. A presença de biofilme pode ser maior que os achados neste estudo.

Embora a literatura brasileira não seja robusta com relação a diagnóstico e tratamento de lesões complexas, há alguns consensos na literatura.

Tipo de coberturas indicadas:

Coberturas com prata tem apresentado evidência consistente no manejo de feridas complexas, no entanto um dificultador na ação da prata é a presença da ME. Estudos atuais vem buscando estratégias para “furar” essa proteção e assim permitir a ação da prata sobre a colônia de bactérias (3).

O polihexametileno biguanida (PHMB) também é um importante antisséptico que auxilia na descolonização de feridas com biofilme e seu uso vem crescendo e se tornando cada vez mais comum. O uso do PHMB é seguro e pode ser utilizado para prevenção dos sinais e infecção no leito da ferida, não apresenta toxicidade às células chaves de cicatrização, sendo, portanto, efetivo sobre o biofilme (4,5).

Outras terapias:

Podemos elencar outras terapias importantes no tratamento de feridas com biofilme, por exemplo a terapia por pressão negativa e a terapia fotodinâmica (PDT) (3,6).

A terapia por pressão negativa demonstrou uma pequena redução no biofilme, porém muito significativa. Essa redução foi mais considerável quando utilizou-se espuma impregnada com prata ou instilou-se solução antimicrobiana como o PHMB (3).

Já o PDT tem se apresentado como uma terapia promissora na redução da carga microbiana, tão importante que reservamos um momento para discutirmos melhor esse assunto por aqui. /então se você quer saber mais sobre isso, confira a postagem da próxima semana.

Atuação da enfermagem:

A enfermagem tem um importante papel no manejo de feridas complexas, já que temos competência técnica e formação cientifica para tal. Um estudo realizado em 2021, procurou compreender o conhecimento dos enfermeiros a cerca do biofilme. Apesar de a maioria ter descrito corretamente o aspecto de uma ferida com biofilme, quando perguntados sobre o manejo deste tipo de ferida houve um número significativo de respostas incorretas ( 50%), outro dado que este estudo trouxe foi o desconhecimento da maioria dos enfermeiros sobre a atuação do PHMB, um potente antisséptico utilizado no tratamento de biofilme (7).

Sabe-se que o tratamento de feridas com biofilme são um desafio e exige conhecimento, competência e segurança por parte dos profissionais de saúde, especialmente a enfermagem. Portanto, é preciso desenvolver habilidades técnicas e conhecimento de terapias e coberturas utilizadas para o tratamento de feridas.

Referências:

1.       Rama D, Fonseca B, Blank M. 1a RECOMENDAÇÃO BRASILEIRA PARA O GERENCIAMENTO DE BIOFILME EM FERIDAS CRÔNICAS E COMPLEXAS. Gend Dev. 2018;(1):0–35.

2.       Oliveira Da Silva SA, Martins FS, Silva Da Silva A, Ghelen MH, Maria C, Diaz G, et al. O Enfermeiro No Diagnóstico E Tratamento De Biofilme Em Feridas 1 the Nurse in the Diagnosis and Treatment of Biofilm in Wounds. 2018;19(2):281–90.

3.       Borges EL, Spira JAO, Amorim GL, Coelho ACSM. Biofilm formation in cutaneous wounds and its behavior in the face of interventions: an integrative review. Rev Rene. 2022;23:e78112.

4.       Santos IMR dos. AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIMICROBIANA, CITOTÓXICA, ANTIBIOFILME E DE CICATRIZAÇÃO DO POLIHEXAMETILENO BIGUANIDA (PHMB) EM FERIDAS COMPLEXAS. 2021;82.

5.       da Silva Pereira J, HELENA DE MELO LIMA M. O Uso Do Phmb No Controle Do Biofilme Em Ferida Crônica: Revisão Integrativa. XXV Congr Iniciação Científica da Unicamp. 2017;I(October 2017).

6.       Brandão MGSA, Ximenes MAM, Cruz GS, Brito EHS, Veras VS, Barros LM, et al. Terapia fotodinâmica no tratamento de feridas infectadas nos pés de pessoas com diabetes mellitus: síntese de boas evidências. Rev Enferm Atual Derme. 2020;92(30):138–45.

7.       Coimbra TL, Pompeo CM, Souza M da C, Penha RM. Biofilme em feridas: conhecimento do enfermeiro na avaliação e tratamento. Res Soc Dev. 2021;10(13):e232101321223.

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